domingo, 6 de novembro de 2011

Entrevista com Lauren Faust (sobre a 1ª temporada)

Olá Bronies deste Brasil Varonil !!!


Um colega meu do Fórum Sonic Rainboom, o Ekevoo, traduziu uma entrevista feita por Tekaramity para o Equestria Daily como foi todo o processo de criação, quais as preocupações, quais os objetivos, e como os inúmeros diferentes tipos de profissionais se envolveram na criação de um programa para a televisão.






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1. Primeiro, gostaria de discutir os passos que levaram à criação de My Little Pony: Friendship is Magic. Quando e como você começou a cruzar caminho com os produtos de My Little Pony?


Quando eu tinha seis anos, vi o primeiro brinquedo “My Pretty Pony” na loja, era grande e marrom. Eu já era uma típica menina obcecada por cavalos, mas eu gostava de cavalos altos e graciosos, então os pôneis rechonchudos não eram interessantes para mim. Mas quando vieram os multicoloridos, acabei reconsiderando. Eles eram bonitinhos demais e eu tinha que ter a Pretty Parlor com Peachy, minha primeira pônei. Então, quando a Hasbro inventou os unicórnios e os pégasos, eu já não tinha salvação. Cavalos e fantasia? Dei tchau-tchau para a Barbie e para a Moranguinho, e logo estava gastando cada centavo que me davam e cada presente em data especial com pôneis.


2. Foi a Hasbro que entrou em contato com você sobre um papel de liderança nesse novo reboot de My Little Pony, ou você que contato eles? O que eles apresentaram a você?


Eu tinha entrado em contato com a Hasbro para propor uma série sobre o meu projeto Milky Way and the Galaxy Girls, e isso fizeram com que Lisa Licht da Hasbro me perguntasse se eu estava interessada em My Little Pony. Ela me deu um dos DVDs recentes (Princess Promenade) e me pediu para assistir e ver se havia “algo que pudesse ser feito com isso”. Eles queriam uma re-criação, e ela estava se esforçando para bater o talento certo com o projeto certo. A Hasbro estava colhendo os frutos do sucesso do filme Transformers do Michael Bay, e Lisa buscava encontrar casos similares de “procuradores criativos” — talentos que reinventariam e poriam sua voz única nas outras propriedades. A possibilidade desse tipo de confiança criativa e liberdade e a convicção de Lisa nessa abordagem levantaram o meu interesse.


3. Continuando, por quê você decidiu liderar esse programa? Que fatores asseguraram seu interesse e sua confiança na alta qualidade e no amplo apelo de Friendship is Magic?


No início era simplesmente porquê era divertido e fácil. Já tinha brincado com esses brinquedos pela maior parte da minha infância e literalmente fiz referências às caracterizações e histórias que fiz para mim mesmo quando criança. Os personagens que você vêem no programa são baseados inteiramente nas personalidades que dei a certos brinquedos. Muitas das localizações são expansões dos playsets que eu brinquei nos anos 80. Eu dizia que minha interna criança de oito anos era meu grupo de foco pessoal.
Depois disso, minha confiança no projeto foi crescendo, pois conforme eu ia apresentando o trabalho à Hasbro, mais eles diziam “sim”! Desenvolver animação para a TV é frequêntemente (mas não sempre) um processo penoso e frustrante, e você pode acabar a quilômetros da sua visão. Já vi pessoas que dirigiam seus próprios pilotos sem saber mais o que queriam dizer ou quem os personagens eram depois de desenvolver a exaustão. Não queria estar nessa posição. Eu tinha tanta paixão pela idéia de criar entretenimento de qualidade para meninas, e não queria ter na minha consciência a idéia de contribuir para a pilha de lixo de entretenimento que tão frequêntemente é direcionada a elas. Eu estava sempre na espera de ver as coisas em MLP tomarem esse tipo de direção errada, mas isso acabou nunca acontecendo. A Hasbro foi incrível nesse sentido.


4. Então você se tornou a diretora de criação e desenvolvedora de MLP: FiM, mas nem você podia fazer isso sozinha! Você precisou de um time talentoso, dedicado e criativo a sua volta para trazer esse universo a vida. Que medida de independência lhe foi dada pela Hasbro para escolher esses profissionais (produtores, escritores, artistas, animadores, dubladores, compositores, etc.)? Algumas pessoas em particular com quem você conseguiu se reunir nos seus trabalhos anteriores nas Meninas Super-Poderosas e Mansão Foster para Amigos Imaginários? Alguém em particular que você conseguiu trazer e com quem você sempre quis colaborar?


Levou exatamente um ano entre o desenvolvimento desse programa e a luz verde ser dada para pré-produção. Enquanto os conceitos para o show eram desenvolvidos, eu produzi um roteiro de 40 páginas. Fui contratada para fazer isso por conta, mas tinha a liberdade de contratar quem eu quisesse dentro do orçamento que me foi dado. Contratei dois artistas para me ajudar nessa fase inicial. Martin Ansolobehere, com quem trabalhei nas Meninas Super-Poderosas e Mansão Foster para Amigos Imaginários, fez alguns conceitos de fundos adoráveis. E meu amigo Paul Rudish, criador de shows como O Laboratório de Dexter, Meninas Super-Poderosas, Samurai Jack, o primeiro Clone Wars e Symbionic Titan, me ajudou com conceito e desenvolvimento artístico. Em particular, me lembro de um rascunho fantástico que ele fez de Pégasus voando através das nuvens para fazer chover. Isso me inspirou a criar o conceito de pôneis controlando o tempo e de um modo geral sendo os guardiões do seu mundo. Ele também criou uma versão inicial da Nightmare Moon. Paul é uma fábrica de criações, e me sinto afortunada de trabalhar com ele.
O roteiro foi apresentado pela primeira vez, e pouco tempo depois me pediram para desenvolver algo mais visual, contratei então Dave Dunnet e Lynne Naylor. Todos os primeiros desenhos de fundo de Dave (coloridos por Martin) acabaram no programa e se tornaram o ponto de referência para a direção de arte. Lynne desenvolveu a versão final de Nightmare Moon e Luna. E, claro, meu marido Carig McCracken me escutou resmungar, dissecar e simplesmente jogar idéias no que quer que eu tenha trabalhando, então a influência dele está em tudo.
Assim que o roteiro foi finalizado, com desenhos e descrições dos personagens, locais, e a dinâmica do mundo, a Hasbro começou a entrevistar vários estúdios de produção como a DHX (então Studio B). Fiquei impressionada com a animação em Martha Speaks (eles fizeram Flash parecer animação tradicional, e os animadores eram bons com animais de quatro patas), e me impressionei com a energia, humor, e direção de Pucca. Então, quando o Studio B apresentou Jayson Thiessen para diretor-geral, me senti confiante que eles poderiam fazer o que eu queria. Juntos, Jayson, Wootie (James Wooton) e eu criamos um curta de 2 minutos para demonstrar o jeitão que o programa poderia ter, e, finalmente, Hasbro contratou o Studio B para produzir a série.
Assim que a luz verde foi dada, pude escolher a mão meu time de escritores (com a aprovação da Hasbro e do Hub), a maioria dos quais eu já trabalhei nas Meninas Super Poderosas e Mansão Foster. O resto do time artístico foi montado pelo Studio B e Jayson. Jayson indicou Ridd Sorenson como diretor de arte, e eu aprovei. Os compositores e dubladores foram todos contratados via entrevistas, Jayson e eu fizemos nossas indicações, e Hasbro e Hub tomaram as decisões finais. Discordamos em algumas poucas escolhas, mas, obviamente, no final tudo funcionou bem.


5. No processo de planejamento da pré-produção, quem trouxe a maioria das decisões a respeito do formato e do layout do show (animação Flash 2D em episódios de 22 minutos)? Durante essa fase crítica, quanto da concepção do show foi de acordo com o time da DHX Media, e quais pedidos específicos a Hasbro fez com respeito à franquia e o conteúdo?


Eu queria Flash e a Hasbro confiou em mim. Quis episódios de 22 minutos, mas no início o plano era de 11 minutos. Ticket Master foi o primeiro script, e foi escrito antes do show ser aprovado, e originalmente tinha 11 minutos. A Hasbro acabou mudando de idéia, mas não me lembro à razão. Eu lembro que gostei. Prefiro 22.
Quando a pré-produção começou, já tinha os conceitos do programa decididos no meu roteiro final. Terminei o desenvolvimento, incluindo os personagens, suas personalidades, desenhos, locais principais, tom, premissas e três scripts — estava tudo pronto.
Assim que a luz verde foi dada, o time do Studio B foi juntado e a ordem deixou de ser desenvolver e passou a ser FAZER os episódios. Fui a Vancouver para me reunir com o time e dar a direção inicial. Ridd e seus designers começaram a expandir na direção de arte e Jayson e Wootie começaram a construir os incríveis assets de Flash para os personagens principais enquanto começavam os storyboards. Enquanto eles faziam isso, Rob Renzetti e eu começamos o processo de script com nosso time em Los Angeles. Hasbro foi bem legal e confiou em nós, o que foi ótimo porque estávamos trabalhando tão rápido. As únicas mudanças que a Hasbro fez na época foram ajustes visuais nas localizações que tinham potencial de venda de brinquedos, e mudança de alguns nomes de localizações e nomes de personagens para torná-los mais “vendíveis”.


6. Deve ter sido empolgante ver as idéias do programa finalmente começando a se juntar! Quais foram os desafios principais nessa fase? Algumas inovações ou epifanias em particular foram feitas pela equipe no que o programa passou do planejamento aos primeiros estágios da execução?


Para mim, os desafios principais foram 1) a agenda: literalmente o dobro da velocidade de qualquer outra produção em que trabalhei antes, e 2) estar separada da minha equipe. Eu estava em Los Angeles trabalhando sozinha do meu home Office, enquanto todos os outros (exceto o time de escrita) estava em outro país. Nesse estágio crucial inicial, idealmente, você quer trabalhar muito, muito próxima dos artistas no dia a dia para manter a visão coesa. Ninguém pode ver o que está dentro da sua cabeça, e com tantos artistas, você acaba tendo estilos, idéias e pegadas diferentes. É papel de o showrunner juntar tudo isso… e é muito difícil fazer isso via telefone e e-mail, e fazer isso na metade do tempo que você está acostumada. Me sinto afortunada de ter Jayson e Ridd em Vancouver. Teria sido uma confusão horrível sem a experiência deles para guiar o time para o que eu estava buscando. Todo o trabalho, quando concluído, era enviado para mim via Internet para notas, revisões, e aprovação final. Havia momentos em que eu queria ter marchado pelo corredor para falar com um artista sobre revisões, mas precisava fazer via e-mail, o que levava mais tempo, e não dava o luxo do bate-volta. Aconteceram muitos ciclos de tentativa-e-erro no início, e acabei fazendo alguns designs e storyboards eu mesma porque eu não conseguia dizer às pessoas o que eu queria ver.
Outro desafio foi atingir as necessidades percebidas do nosso jovem público-alvo. Tínhamos que descobrir como tornar os episódios de aventura empolgantes e envolventes sem torná-los assustadores. Precisávamos pensar bastante e combinar um enredo cuidadoso, muitas piadas, e designs apropriados e apelativos. Ajustes de tom ajudaram também, como aliviar uma situação assustadora com humor e design extravagante, ou tornar uma cena não muito ameaçadora mais tensa com direção de arte, música, e tempo adequado.
Também estávamos preocupados em parecer maus, não no sentido de cruel ou covarde, mas um pouco rude ou ofensas. Tínhamos que aderir a padrões EI (Educational and Informational), e alguns comportamentos que eram adequados em outros programas em que já trabalhei se tornaram de repente “inapropriado para crianças” em My Little Pony. Algo limpes como Rainbow Dash chamado Twilight de “cabeção” em Fall Weather Friends se tornou um problema delicado. Até mesmo o conceito de ela e Applejack roubarem durante a corrida foi preocupante para alguns. Foi difícil encontrar humor e criar conflitos entre personagens dentro destes limites restritivos.
A maior inovação, creio, é a animação. Jayson e Wootie entregaram muito além das minhas expectativas, e fizeram em Flash coisas que eu pensava serem completamente impossíveis. Eu colocava anotações nos storyboards que diziam “revisar cena, isso é impossível em Flash” e eles me respondiam “não, a gente sabe como…” e eles sabiam. Além disso, creio que a direção de arte foi uma inovação interessante no sentido que a maioria dos shows para meninas são extremamente brilhantes, berrante, super saturado, e amaldiçoado por muuuuuuuuito rosa. Creio que os coloristas conseguiram algo que é definitivamente feminino, mas o único que ainda é extremamente atraente, agradável, e desprovida de menina-zices, entende?


7. Fale sobre alguns dos principais colaboradores neste momento e em toda a temporada do programa. Jayson Thiessen foi o diretor de supervisão para a 1ª temporada e lhe sucedeu como showrunner para 2ª temporada. Como supervisor de direção, qual era a sua principal responsabilidade, e como a cadeia de produção ocorria entre a Hasbro, você, Jayson, e os outros líderes?


Rob Renzetti foi um grande colaborador, e, claro, Ridd, Jayson e Wootie. Rob e eu lidamos com todo o desenvolvimento da história e scripts aqui em Los Angeles. Uma vez que eles foram feitos e aprovados pela Hasbro e The Hub, eles eram gravados e entregues a Jayson e Wootie para começar o trabalho de produção. Jayson supervisionava a sua equipe em Vancouver e me enviava o trabalho em cada fase (design, cor, storyboard, animatic e animação bruta) para direção e/ou revisões, e, em seguida, se certificava que minhas revisões eram aplicadas. Cada uma destas fases então ia para a Hasbro e Hub para quaisquer outros ajustes.


8. Rob Renzetti tem contribuído para muitos desenhos durante as últimas duas décadas – incluindo 2 Stupid Dogs, O Laboratório de Dexter, e My Life as a Teenage Robot. Como você colaborou com ele em seu papel como editor de história e como fluiu o processo de escrita entre as decisões do topo (como você e as pessoas no The Hub), escritores efetivos e Rob?


Fiquei tão emocionada quando conseguimos Rob para o programa! Ele é extremamente talentoso, e tendo executado seu próprio programa no passado ele é muito experiente e conhecedor. Rob e eu criávamos e escrevíamos o argumento das histórias. Uma vez aprovados, Rob e eu decidíamos a quem atribuir cada script e passávamos um dia inteiro com o escritor, apenas nós três, planejando a história de cada episódio juntos. Os escritores começavam a escrever, Rob e eu dávamos anotações e, por vezes, fazíamos revisões em cada fase (planejamento, primeiro rascunho, segundo rascunho). Em seguida, os planejamentos e rascunhos iam para a Hasbro e The Hub para anotações, revisões e aprovação final. Se as notas da Hasbro e The Hub eram simples, geralmente Rob cuidava das revisões sozinho. Uma vez aprovados, os scripts gravados eram enviados para o Studio B para a próxima fase de produção.


9. Sarah Wall é a produtora de Friendship is Magic e outras produções da DHX Media. Quais as tarefas que ela fez, assim como os outros líderes da DHX, na criação de Friendship is Magic? Da mesma forma, que aspectos da primeira temporada do programa se fizeram ser principalmente a partir de sugestões da equipe?


Sarah gerencia o dia-a-dia de produção, orçamento e cronogramas; e ela e a equipe de produção se certificavam que os artistas tinham o material de que precisavam quando precisavam. Me impressiona o trabalho dos produtores fazem, é um verdadeiro malabarismo.
Quanto a sugestões da equipe, nós ocasionalmente realizávamos “reuniões de escritores” em Los Angeles (deveríamos ter feito isso mais vezes) para fazermos brainstorms de novos argumentos. Na sala dos roteiristas, muitos dos roteiristas inventavam e definiam novos personagens. Havia também muitos artistas e designers no Canadá que possuíam certa forma de desenhar expressões e linguagem corporal, ou penteados, ou equipamentos que definiam a forma como os personagens se apresentavam e agiam. Isso era compilado constantemente e usado como referência conforme a produção continuou.


10. Ridd Sorensen é diretor de arte. Quais são os elementos do design do show que imitavam de seu esboço inicial, da direção Ridd, e das especificações da Hasbro? Quanto do design e do estilo mudaram desde a concepção inicial até a produção final da 1ª temporada?


O tratamento inicial do projeto de fundo do programa veio de Dave Dunnet. Tivemos a sorte de sermos capazes de trazê-lo sobre para o piloto (episódio duplo) para criar muitos dos principais locais e as ruínas na Floresta Everfree. Eu projetei todos os pôneis principais e de apoio, Spike e eles não foram alterados desde então. Após o piloto, Ridd e sua equipe desenvolveram ainda mais o estilo sob a minha supervisão. Eu continuei fazendo muito dos designs dos personagens no começo. No fim das contas, creio que a direção de arte não mudou muita coisa depois do desenvolvimento, eles apenas continuaram a evoluir e refinarem.
A influência da Hasbro aparecia principalmente quando havia um local com potencial para ser um playset. A Carousel Boutique da Rarity foi revisada várias vezes. Houve também momentos em que eles estavam trabalhando em um brinquedo que queriam que aparecesse no programa. O balão de ar quente foi introduzido desta forma. Muitas vezes, eles pediam que criássemos um local, como uma escola, para que pudéssemos projetá-lo primeiro. Eles nos deram total liberdade de decidir como usar esses locais em contexto para as histórias, de modo que não parecessem vir do nada.


11. Daniel Ingram e Will Anderson compuseram as músicas e canções maravilhosas encontradas em abundância em todo MLP:FiM. Você poderia descrever como você e o resto da equipe coordenava momentos, objetivos e idéias com Daniel e Will? O que aconteceu entre os produtores, escritores e Daniel para criar as canções dos pôneis? Da mesma forma, como você e as pessoas no topo trabalhavam em conjunto com Will?


Na reunião da história nós decidíamos se ela merecia uma canção ou não. Na sala dos roteiristas, Rob, o escritor e eu planejávamos quais informações seriam comunicadas em cada canção e discutir que tipo de tom ela carregaria. Em seguida, os roteiristas deveria compor sua própria letra para as músicas do roteiro. Uma vez que as letras eram aprovadas (geralmente junto com todo o roteiro), Daniel vinha. Eu lhe dava alguma direção breve no início – então ele traria uma gravação inicial (geralmente com um cantor temporário). Ele, às vezes, fazia pequenos ajustes à letra para se adequar melhor à música. Não me lembro de lhe pedir ajustes significativos, exceto quando tivemos que pedir a ele para PIORAR a música tema Cutie Mark Crusader – pobre Daniel! Mas era um aspecto essencial à história que ela fosse legitimamente ruim. Uma vez que tudo foi aprovado, ele produziu os mixes finais.
Will veio depois com a trilha incidental. Depois que o corte de animação estava pronto com os tempos corretos, eu me encontrava com Will em seu estúdio (também em Los Angeles), e Jayson e Wootie ligavam via Skype. Nós três revíamos o episódio e apontávamos que tipo de momentos nós queríamos e quando. Foi um processo muito colaborativo.


12. Friendship is Magic é um trabalho de amor criado por centenas de indivíduos dedicados e os fãs realmente apreciam os esforços e obra de cada pessoa que tenha feito qualquer tipo de trabalho, tanto no programa em si, quanto a promoção exemplar promovida pela The Hub. Como tal, não queremos excluir ninguém do nosso agradecimento e apoio. No entanto, no interesse de destacar equipes e processos que poderiam passar despercebidas, você poderia expor a qualquer faceta da criação do programa e da produção que beneficiou Friendship is Magic além dos resultados prontamente óbvios?


A qualquer momento, um designer projetava um personagem secundário de uma forma que eu não havia pensado ou um artista de roteiro ou um animador acrescentava uma piada ou um traço de caráter que ajudam a definir o programa ainda mais. Além disso, os dubladores acrescentaram muito aos personagens, é impossível imaginá-los sem eles. É um processo contínuo e orgânico, e todos os envolvidos contribuem para a evolução do mundo. Como acontece com qualquer programa, foi um esforço muito colaborativo.


13. Muito obrigado por todas as suas informações até agora. Se você não se importa, Lauren, eu gostaria de discutir agora a concepção e estrutura do programa e explorar a linha do tempo da 1ª temporada em si. Em primeiro lugar, em sua opinião, quanto tempo passou da concepção até a produção e da produção até a estréia? Quantos episódios vocês gerenciavam ao mesmo tempo, e por que você e a DHX lidou com tantos da forma que o fizeram?


Um episódio 22 minutos demorou quase um ano entre a concepção e a conclusão. Um episódio normalmente ia ao ar cerca de um mês após ter sido entregue. Havia um momento agonizante em que estávamos, literalmente, trabalhando em todos os 26 episódios da 1 ª temporada de uma só vez – e, dado o sinal verde para a segunda temporada, chegamos a trabalhar em até 32 ao mesmo tempo!
Escalonamento de episódios é, como sempre, o processo padrão de produção. Você deve escalonar os episódios para se certificar de todos estão trabalhando. Por exemplo, quando um designer de personagens acabou o episódio 12, não podemos demiti-lo e ficar na esperança que ele ainda estará disponível para quando chegar trabalho para ele para o episódio 13. Esse episódio 13 deve estar pronto de imediato, o que significa que o roteiro deve estar pronto, e o roteiro 14 deve estar pronto já na semana seguinte. É como uma linha de montagem. Um novo episódio tinha que começar a cada semana para manter o processo em execução, para que todos na equipe tenham trabalho. É especialmente desafiante para aqueles de nós que estão supervisionando todos os aspectos do programa. Era normal na mesma semana eu estar bolando um argumento, dando anotações sobre um esboço, revisando um rascunho de roteiro, revisando os designs, gravando um episódio, revisando um storyboard, dando anotações sobre um animatic, apontando momentos para música, revisando e anotando canções, e, finalmente, entregando um episódio final. E cada uma dessas etapas era para um episódio completamente diferente. Na maioria das produções, este é um processo de duas semanas, mas tivemos de fazê-lo funcionar como um processo de 1 semana. Eu nunca trabalhei em uma agenda tão rápida.


14. Quais foram os maiores triunfos você sentiu durante os estes preciosos primeiros estágios de produção real? Da mesma forma, quais foram os obstáculos mais difíceis de ultrapassar? Quais elementos acabaram sendo melhores ou piores que o esperado inicialmente?


Houve ceticismo e preocupação com a direção de arte na sequência de abertura do piloto. Algumas pessoas achavam que começar a série com uma aparência tão diferente iria afastar alguns da audiência. Eu amo o jeitão da sequência. Me deixou tão feliz mantê-la.
As caracterizações de Pinkie Pie e Rainbow Dash foram uma preocupação para alguns, também. Achavam que Rainbow era muito masculina e nosso público-alvo não se relacionaria com ela, e foi também achavam que Pinkie Pie seria irritante. Houve muito debate e preocupação com o sotaque de Applejack. Passei muito tempo tentando tranqüilizar a todos, dizendo que seriam personagens adoráveis. No caso da Pinkie, quando todo mundo estava finalmente aceitando que ela não era tão irritante, conseguimos torná-la excêntrica como eu sempre imaginava, conforme a temporada prosseguiu. É um atestado à Hasbro, já que eles puseram fé em nós.
O que saiu melhor que o esperado, como mencionei antes, foi à animação. Ficou muito melhor do que eu tinha sonhado. Quando os primeiros ciclos de caminhada e corrida foram enviados a mim, para aprovação, eu caí da cadeira. E Daniel Ingram, as canções dele eram mais grandiosas do que eu imaginava. Os dubladores criaram verdadeiras estrelas com os personagens. Tabitha St. Germain, por exemplo, agregou um humor a Rarity que era inesperado e maravilhoso.
É difícil apontar algo específico que saiu pior, pelo menos não no começo. Os primeiros episódios saíram com um defeito aqui e ali, mas é normal. Sempre leva alguns episódios até a equipe acertar o passo. Quaisquer decepções que tenho nessa fase são apenas detalhes específicos – certos desenhos de personagem que não gostei, algumas piadas que não colaram, etc., mas nada consistente o suficiente para ser digno de menção.


15. A temporada começou com uma introdução em duas partes a Equestria, desdobrando o conto da viagem de Twilight Sparkle a Ponyville e seu triunfo sobre Nightmare Moon com a ajuda de suas novas amigas e das virtudes representadas nos Elementos da Harmonia. Depois, a temporada continuou a manter certo nível de continuidade, mas vagando de história para história como uma brincadeira episódica. Por que a mudança de abordagem, e como isso impactou a produção e o processo criativo? O que você crê que foi o mais forte componente da nova direção, ou, o que você acha que poderia ter realizado se o show permanecesse em seu primeiro curso?


Esta é uma boa oportunidade para esclarecer um boato. Algo que eu disse na minha página do deviantART se transformou em um interessante jogo de telefone sem fio via Internet e, conseqüentemente, um monte de fãs agora parecem crer que eu tinha planos de um grandioso e dramático serializado sobre garotas mágicas. Na verdade, sempre foi minha intenção de ter um show parcialmente “histórias de aventura” e “histórias de relacionamento”, como descrevi em meu roteiro. Eu achava que talvez um terço dos episódios pudesse ser como Dragonshy ou o fim de Feeling Pinkie Keen, ou mesmo ter aquela linha assustadora de Stare Master. No fim, menos de um quarto dos episódios tinha este aspecto de aventura. Havia várias razões. Por exemplo, restrições sobre o que foi considerado muito assustador para o nosso público mais jovem colocou limitações dos tipos de histórias que poderíamos contar. O cronograma acelerado também dificultou – episódios carregados de trama pois demoram muito para planejar, e muitos dos novos personagens e locais foram um fardo pesado para a equipe em um ritmo tão acelerado. Se tivéssemos tentado fazer mais, eles teriam ficado ruins, e como tínhamos equipe e elenco tão bem versado em comédia, tirar a ênfase daquele estilo acabou parecendo ser a decisão certa.
Creio que as consequências desse pequeno desvio não foram realmente sentidos na 1ª temporada, exceto pela a quantidade de tipos de histórias. Nem tom nem o humor teriam sido diferentes, e a expectativa de que pudéssemos começar a ir nessa direção em temporadas seguintes me deu a esperança de que eu ainda podia cumprir alguns dos destinos mais grandiosos dos personagens, mas, na realidade, eu sempre quis esse programa fosse uma comédia, em primeiro lugar.
Se tivéssemos escrito mais histórias de aventura, a única diferença que posso pensar é que talvez você tivesses visto mais Luna e Zecora. Zecora foi projetada para ser uma sábia e mentora a quem os pôneis poderiam ir para obter informações sobre suas missões. Ela foi projetada para ser uma segunda mentora para Twilight, mas isso não veio a acontecer. E Luna, apesar de boa, era para ser associada com a escuridão e a noite – e estes são considerados (por alguns) temas complicados para um show para pequenas meninas – por isso, ela teve de ser deixada de lado.


16. No coração da série ficam seus personagens, bem desenhados e cativantes. De fato, o programa se diferiu ligeiramente das encarnações anteriores, optando por se concentrar em crônicas e desenvolver as personalidades de seis pôneis principais (mais Spike!). Como as ambições do time guiaram a construção dos personagens principais e suas composições: fantásticos, mas identificáveis, fortes, mas imperfeitos, dedicados, mas egoístas?


Duvido que qualquer time de escritores se senta para decidir se deve ter personagens bons ou ruins. Todo mundo quer apenas bons personagens, e nem todos conseguem executá-lo. Tínhamos uma grande equipe que conseguiu. Não quero puxar meu próprio saco, mas os fundamentos dos personagens foram o foco principal da minha bíblia. Literalmente escrevi os personagens com os seus “traços bons” e “traços ruins” descritos na sua introdução. Os escritores pegaram essas idéias e as exploraram com os enredos, os dubladores com suas vozes, e os artistas e animadores com suas expressões e poses. Assisti tudo o mais perto que podia, especialmente no início, para se certificar de tudo estava coeso, e dava empurrões quando necessário. Por exemplo, eu incentivava as pessoas a manter as piadas malucas exclusivas para a Pinkie. Esclareci um pouco da confusão inicial sobre como tornar Fluttershy e Twilight engraçadas, e Rarity precisou de cuidados especiais para salvá-la de se tornar a garota riquinha típica. Criei estes personagens, e senti a necessidade de protegê-los.


17. Seu corpo de trabalho demonstra um zelo por mídia orientada por personagens. O que você já viu em sua carreira que obriga a defender e criar este estilo de mídia, e por que você persegue estes seus sonhos e aspirações específicos? Em suma, o que Lauren Faust espera atingir e deixar marcado?


Eu me especializo em histórias e humor de personagens, porque as coisas orientadas a personagens são o que gosto de assistir e o que gosto de fazer. Acho que fazer a sua platéia se emocionar é a essência da boa narrativa, e você não pode invocar emoção na simpatia e como o personagem se identifica. Alguns programas se concentram em gaga e piadas escritas, e têm o objetivo exclusivo de causar risos, mas eu prefiro comédia que tem um núcleo emocional sincero… E humor que vem de personagens, não anedotas. De alguma forma, é apenas uma pequena força que tenho.
Meus sonhos específicos ainda é criar diversões excelentes para meninas. Simplesmente não há material bom de fato disponível para elas, mas também tenho minhas razões egoístas. Quando penso em algo que eu quero dizer ou uma experiência que quero compartilhar, as minhas idéias são normalmente e naturalmente femininas porque sou mulher, e eu me recuso a crer que algo possa ser feminino, por natureza, automaticamente significa que não vale à pena. Enquanto eu puder colocar o menor dano na percepção de que “feminino” é igual a “idiota” ou “para meninas” é igual a “porcaria”, estarei muito satisfeita.


18. Os pôneis são definitivamente o coração do programa, e ocupam um mundo que é rico em mitologia e fantasia, enquanto ainda ostenta uma variedade de tecnologia moderna. Qual foi a estratégia criativa por trás da construção do reino de Equestria em Friendship is Magic? Como a equipe de abordou este equilíbrio entre fantasia mitológica e tecnologia moderna?


Eu sempre quis que a tecnologia no programa fosse medieval por natureza, mas já que este é um programa excêntrico e não sério, senti que havia muito espaço de manobra. Creio o que contou no fim das contas era simplesmente meu nível de conforto pessoal em cada história individual. Me Incomodava com a história a ponto de ficar muito técnica a respeito de como é a tecnologia primitiva foi, não valia a pena. Assim, se precisávamos de câmeras, eu só queria as câmeras fossem relativamente viáveis para uma criatura sem dedos. E se certamente, absolutamente, positivamente TÍNHAMOS que ter um aparelho elétrico (o que aconteceu muitas vezes), eu dizia a mim mesma que era encantada por algum mecânico unicórnio. No entanto, insisti que tal atitude deveria ser considerada apenas como último recurso criativo: não use um interruptor de luz quando você poderia usar uma vela, é preguiça. Não desenhe um casco segurando um guarda-chuva de forma bizarra e impossível, só porque você não está a fim de pensar sobre isso um pouco mais. Em geral não era uma abordagem rigorosa, tampouco consistente. Humor e facilidade de contar histórias é mais importantes que detalhes técnicos.


19. Aparentemente muitos planos de longo prazo entraram no processo de planejamento criativo. Além da nova direção episódica, com que freqüência planos de longo prazo mudaram durante o curso da primeira temporada, e quais foram às principais razões para tais mudanças?


Havia muito planejamento no desenvolvimento, e muito planejamento no começo do processo de animação, mas em certo ponto, quando a produção estava em pleno vapor, acabamos indo junto com a corrente e inventando o que precisava ser inventado no caminho. Tivemos que correr para conseguir aprovar histórias e encaminhá-las para produção. Eu realmente lamento que não houve mais tempo para o planejamento e ajustes.


20. Uau. Tudo isso certamente deve ter sido desgastaste. Mas posso garantir que o resultado final, sem dúvida, valeu à pena! Quais foram os aspectos mais gratificantes de criar a primeira temporada, e por quê?


Para mim, foi incrível ver todas essas idéias que eu tive por anos e anos sobre como fazer histórias interessantes para as meninas tomarem forte. Muito do que está em MLP é o que eu venho tentando pôr no ar desde que eu comecei a trabalhar na TV. Foi incrível ver que elas realmente funcionam e que as pessoas de fato gostaram.


21. Imagino que o nível de sucesso suscitou volume muito grande de feedback. Houve algum ponto forte ou preocupação em particular que fossem freqüentemente mencionados nas opiniões que você recebeu?


De longe, a mensagem mais comum que recebi foi “Eu sou um cara e eu adoro esse show – o que você fez comigo?!” ;) Recebi um monte de notas de homens nas forças armadas que são fãs da série. Foi uma surpresa maravilhosa! Também recebi muitas mensagens de pessoas que dizem que o show as tirou de depressão, o que é verdadeiramente comovente. E eu realmente adoro quando eu recebo cartas de pais que dizem que é seu momento favorito compartilhado com suas filhas. Outra favorita são notas de jovens artistas mulheres que dizem que o programa as inspirou a escrever suas próprias histórias ou irem atrás buscar carreira na animação.


22. Descreva como os vários artigos de imprensa impactaram sua direção e perspectivas, se possível. No início, várias mídias foram visivelmente cáusticas, quer devido à informação insuficiente ou simples mal-entendida. Mais recentemente, o nível de cobertura positiva da imprensa tem subido vertiginosamente. O que você pensa de todos os artigos – tanto positivos quanto negativos – e por que você acha que a percepção geral mudou, além da continuação da temporada?


Quando eu aceitei o trabalho em primeiro lugar, eu já esperava que o “ai que nojo, meninas!” de sempre era inevitável. Eu até já esperava que muita gente iria ativamente odiá-los, mesmo sem vê-lo. Dessa forma, quando os primeiros artigos desenformados e injustificadamente negativos vieram, eu fiquei chateada, é claro – mas não surpresa. Eu apenas pensei nas meninas que tinham finalmente um programa que vale a pena assistir, e tentava não me preocupar com as pessoas que não eram público-alvo. Eu sabia (ou pelo menos achava que sabia) não teríamos influência seus preconceitos, não importa quão bom o programa era.


23. Você fez bem nisso! É claro, qualquer discussão sobre My Little Pony: Friendship is Magic seria míope e incompleta sem discutir o fenômeno mais incrível on-line de 2011: Bronies! Eu sou um brony, Lauren – como são dezenas de milhares de outros fãs adolescentes e adultos de MLP:FiM. Primeiro, como e quando você e a equipe ficaram sabendo do fenômeno brony? Quão perto você acabou seguindo-o conforme a primeira temporada progrediu?


Ai, nossa. Me sinto velha ao admitir que eu não sabia sobre o 4chan até checar os comentários em um episódio que havia sido colocado no YouTube. Alguém apontou que as pessoas estavam ficando doidas sobre o programa no 4chan, então eu fui dar um passeiozinho lá e UAU! Como fiquei surpresa! Eu checava regularmente (estrategicamente ignorando o material desagradável o melhor que pude) e apontei para alguns outros membros da equipe. Então veio o Equestria Daily e o Ponychan. Eu não acreditava como o fandom estava se espalhando – ou a criatividade incrível que estava saindo dele! Foi uma mudança de eventos FASCINANTE, e eu fiquei simplesmente hipnotizada.


24. Quais os aspectos deste fenômeno brony pegou de surpresa? Como impactou a direção do show e moral da equipe? Quais foram os aspectos mais encorajadores desta fanbase recente – em contrapartida, que as dificuldades logísticas acompanharam nosso advento?


Apenas como ele foi crescendo e crescendo e crescendo, e como ele parecia inspirar uma revolução de bondade na internet! Nunca deixa de me surpreender. Eu acho que os fãs revigoraram a equipe e nos manteve quando estávamos exaustos. Não há melhor reforço moral do que fazer um impacto real. Contudo, não posso dizer que isso afetou a direção do programa além de cruzar os olhos da Derpy. Todas as histórias da 1ª Temporada e a abertura da 2ª Temporada foram escritas e estavam em curso na produção no momento em que o fenômeno brony pegou. Não podíamos mudar nada naquele momento.


25. Qual a sua opinião sobre o público-alvo primário contra periférico? Como você procurou unificar os dois, e o que você espera que será o padrão no futuro? Em suma, como bronies afetam pôneis – em nossas compras, debates, trabalhos de fãs, e o resto?


Enquanto estávamos avançando sobre 2ª temporada, todos nós sentimos que atraímos esse público com a estratégia que estabelecemos para atrair as meninas e seus pais – por isso, não achamos que houve uma necessidade de mudar a abordagem, pelo menos no programa. Não se mexe em time que está ganhando, certo? No entanto, independentemente dos bronies, eu estava na esperança que algumas das restrições de “bonzinhos” fossem eliminadas para a 2ª temporada, ou que pelo menos tivéssemos mais espaço de manobra. Não que eu tenha uma necessidade de ser vanguarda, mas porque eu achei que íamos começar a ficar sem idéias para explorar dentro dessas restrições.


26. Como você acompanha de perto Equestria Daily e outros sites de fãs?


Eu vou admitir que eu ainda o checo o EqD quase todos os dias, e eu ia ao Ponychan quando episódios estreavam para obter feedback. Eu os considero recursos muito valiosos – e, francamente, divertidos! Eu também admito que, ocasionalmente, contribue para as discussões, e eu até já larguei alguns spoilers para me divertir – viva o anonimato! Eu leio tudo pessoal… cuidado com o que dizem!


27. E quanto ao resto da base de fãs – fan art, música, vídeos, e assim por diante? Você e vários outros membros da equipe, têm sido ativos em sites como Facebook e deviantART. Este alto nível de comunicação e interação com os fãs tem sido infalivelmente valioso, e nós certamente os apreciamos! Com que freqüência você é se atualiza com a produção de pôneis dos fãs – e gostaria de dizer algumas palavras para aqueles que as fazem?


Não quero decepcionar, infelizmente não leio fan fiction – simplesmente não tenho tempo, e eu não quero a influência acidental. Mas eu adoro olhar para fanart, quadrinhos de fás, brinquedos personalizados, e os mashups do YouTube. Há muito talento por aí, que me põe no chão.


28. O que podemos esperar de Lauren Faust nos próximos meses e anos vindouros? Qual é o próximo passo para você, como, e porque você está nesta trilha? Como pôneis afetaram sua filosofia e as perspectivas avante, e o que você espera que será a sua única memória mais pungente e duradoura do seu tempo como a pastora vigilante do rebanho pônei?


Eu tenho um monte de projetos na fornalha agora, e eu estou aguardando para ver qual deles se mostra o mais promissor. Ainda é difícil vender para animação para e/ou sobre meninas, mas MLP me dá algo para apontar como um exemplo de sucesso. As pessoas nem mesmo acreditam que programas para meninas poderiam ser legitimamente engraçados e que os meninos iriam realmente querer vê-los… Agora, entre Meninas Superpoderosas e FiM, há prova de que um raio cai duas vezes no mesmo lugar.
O efeito mais duradouro trabalhando neste programa terá para mim é a faceta do ‘sonho realizado’. Não só era uma chance de dar vida a um dos aspectos mais inspiradores da minha infância da maneira que eu tinha sonhado que poderia ser desde que eu brinquei com pôneis quando criança, mas foi também uma oportunidade para colocar as minhas teorias sobre entretenimento para meninas em prática. Vê-lo funcionar tão bem a ponto de trazer uma audiência adicional e inesperada foi um bônus triunfante. Entretanto, o que também vai ficar comigo é a tristeza que senti quando percebi que tinha que deixá-lo. Foi uma decisão horrível, penosa. Ainda dói… e eu suspeito que sempre vá.


29. Como você acha que Friendship is Magic inevitavelmente (e infelizmente) acabará? O que você prevê no episódio final? Mais pessoalmente, de que forma gostaria de ver o programa acabar? O que constituiria o seu episódio final ideal?


Não gosto de dar uma resposta decepcionante, mas, como não estarei envolvida, não sei como esperar o programa acabar. Tive minhas próprias idéias de um fim para o programa, com determinados caracteres cumprindo destinos específicos. Apenas alguns desses planos foram bem formados, outros, eu tinha a esperança de amadurecer conforme a série progredisse. Eu prefiro não compartilhar meus planos agora. Isso vai diminuir o que os novos responsáveis acabarão fazendo. Além disso, me entristece bastante não poder colocá-los em prática.


30. Pensando um pouco no todo, como você percebe esse programa abalou o estereótipo de um programa para meninas? Friendship is Magic é certamente um passo construtivo, mas um grande estigma persiste. Em sua opinião, qual é o próximo passo? O que mais deve ser feito até que o estereótipo negativo pode começar a desvanecer-se?


Creio que o show pode ter aberto as mentes de um número de indivíduos específicos, mas eu não acho que sua influência é grande o suficiente para fazer um grande impacto – ainda. Estou curiosa para ver como se farão as atitudes dos meninos e meninas que apreciam o programam conforme eles cresçam. Talvez ter gostado do show irá torná-los menos resistentes a conteúdos semelhantes à medida que envelhecem, e talvez ele vá inspirá-los a criar coisas semelhantes.
Os próximos passos são simplesmente continuar nessa direção. Redes e estúdios precisam estar dispostos a dar uma chance a conceitos femininos, as pessoas que podem fazer esse tipo de coisa precisam de mais chances, e as audiências precisam colocar suas noções pré-concebidas de lado e dar conteúdo uma chance a conteúdos femininos. Eles precisam de alguma forma, deixar de lado a idéia de gostar de algo feminino é algo depreciativo. Acredito que essa última idéia é a mais importante de todas.


31. Como as pessoas, como bronies entram nesta situação? Que distinções entre um programa para “meninos/caras”, um programa para “meninas/garotas”, e um programa para “família” devem e não devem existir, para você? Por que as distinções atuais existem, em sua mente, e pessoas como os fás adolescentes e adultos de MLP:FiM podem influenciar as mentalidades dos executivos e dos departamentos de marketing para esses programas? Na raiz de tudo, será que a lacuna entre os sexos está diminuindo, e que será que vai demorar a homens e mulheres serem iguais como seres humanos?


Amo a idéia de entretenimento “para todas as idades” – mídia que é agradável para homens e mulheres, jovens e adultos. Mas a percepção atualmente por aí é que, se o personagem principal é uma menina, ou se uma parte significativa do elenco é do sexo feminino, é “para meninas” única e exclusivamente. E, geralmente, se algo está previsto para ambos os sexos, isso significa que a maioria dos personagens são meninos – e que talvez, se você tiver sorte, há umas duas meninas que podem ir junto. Anseio pelo dia em que personagens femininas não serão consideradas novidade.
Ao mesmo tempo, é difícil ignorar a evidência de que alguns conteúdos específicos irá atrair principalmente mulheres e meninas e que outro tipo de conteúdo vai atrair principalmente os homens e meninos. Eu acho que está valendo também – para não mencionar divertido. O problema é a questão positivamente ancestral que uma mulher vai assistir a um programa ou um filme sobre um homem, mas um homem não vai assistir a um show ou filme sobre uma mulher. As pessoas que lucram com mídia sentem necessidade de proteger o seu investimento, e eles sabem que vai ter um público maior e ganhar mais dinheiro se eles escolherem “para os meninos”. Continua a ser o motivo mais comum por que coisas de mulher não são feitas.
A única coisa que vai mudar isso é o apoio. O público fornece as classificações e os lucros, e isso é o que as pessoas do dinheiro estão à procura. Se você gosta de um programa envolvendo meninas, veja e compre as coisas. Divulgue, se recuse a ter vergonha, peça o que quer, e visivelmente dê apoio aos artistas que fazem isso bem. Tudo isso incentiva as pessoas com o dinheiro para dar uma chance a este tipo de conteúdo.
Como você disse a divisão entre os sexos pode ser cada vez menor… mas a diferença, em minha opinião, ainda é grande. Se você olhar ao seu redor, as pessoas ainda insultam meninos comparando-os com meninas (“mais rápido, Mulherzinha!”) e elogiam meninas, comparando-as aos meninos (“uau, você desenha tão bom como um cara!” – Para citar o que alguém uma vez me disse quando eu era estudante). A questão de o quanto vai demorar a que todos os gêneros fiquem iguais é uma pergunta muito grande para mim. Não tenho idéia. Mas acho que cabe a cada um, como indivíduo, avaliar suas próprias atitudes com cuidado e honestidade e pelo menos tentar melhorar as coisas – mesmo que em suas próprias vidas e na forma com que tratar as pessoas que conhecem.


32. Muito obrigado por dedicar este tempo para responder todas essas perguntas, Lauren, e por liderar o cartoon mágico que é My Little Pony: Friendship is Magic. Nós o amamos, e você também. A você e ao resto da equipe FiM: um incomensuravelmente gigante obrigado a todos. Isto conclui a entrevista de retrospectiva da 1ª temporada do Equestria Daily com Lauren Faust. Em nome de todos, desejo-lhe tudo de bom. Se você tiver quaisquer pensamentos ou comentários finais, Lauren, por favor, compartilhe-os conosco.


Apenas um grande, grande, extremamente sincero agradecimento a todos que assistem ao programa! Este tipo de reação dos fãs é o tipo de coisa todos os artistas sonham, mas não ousam acreditar pode realmente acontecer. Eu sempre me preocupava que, apesar das noitadas e fins de semana cheios de trabalho – o sangue, suor e lágrimas (bem… sangue não), que entrou na produção deste programa – iria cair quase despercebida, como muitas vezes acontece. Vocês fazem tudo isso valer à pena, e eu não posso agradecer a todos vocês o suficiente.


Referencias:
Lauren Faust My Little Pony: Friendship is Magic Desenvolvedora & Diretora de Criação


Entrevista exclusiva de retrospectiva da 1ª temporada para Equestria Daily
Traduzida por Ekevoo e publicada sob autorização para Fauna Urbana e Site MLP Brasil
Entrevistador / coordenador: Tekaramity (Tekaramity@equestriadaily.com)
Ajuda contribuições e suporte: Phoe (Phoe@equestriadaily.com)
Contribuições adicionais: Cereal Velocity (Cerealvelocity@equestriadaily.com)
Administrador do Equestria Daily: Sethisto (Sethisto@gmail.com)
Tradução e adaptação: Ekevoo Guepardo (ekevoo@faunaurbana.com.br)
Meu Querido Pônei (My Little Pony) e personagens relacionados são ©1982-2011 Hasbro.
Todos os direitos reservados. Equestria Daily e Fauna Urbana e MLP Brasil não reivindicam posse.

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